Análise do volume diário de operações nos FIDCs sob gestão da TERCON ASSET após COVID-19

No mês de março 2020, onde se iniciaram as medidas de distanciamento social com o fechamento de comércio, indústria e serviços para tentar conter a disseminação do coronavírus, observamos uma forte queda no volume financeiro e na quantidade de operações. Isto é resultado de menos recebíveis sendo gerados em função da paralisação e de uma análise de crédito mais restritiva por parte dos FIDCs, que nesse cenário priorizaram uma maior liquidez em seu caixa para que, com um cenário mais “limpo”, pudessem retornar as operações com segurança.

Observa-se um foco em atender clientes que já tinham histórico na casa e, também, mirar boa parte das operações vinculadas a itens essenciais, como fornecedores de supermercados, farmácia, produtos hospitalares, entre outros, o que provocou em 31/03/2020 uma queda significativa de 75% no volume financeiro operado e no número de operações se comparado a 28/02/2020, período pré-coronavírus como é possível verificar no gráfico.

Ao final de abril, com um cenário mais claro de como estão as empresas cedentes/sacados em relação ao risco de crédito os FIDCs, houve uma retomada das operações de forma gradativa com alta de 101% no volume financeiro operado se comparado a 31/03/2020. Mas, ainda assim, o fechamento de abril mostrou-se 49% abaixo, tanto em quantidade de operações quanto de volume financeiro operado se comparado a 28/02/2020, no período pré-coronavírus. Esta é uma fase de adaptação e, no início de maio, pode-se observar o mercado buscando atingir volumes diários mais fortes se comparado a março, onde os níveis se mostraram consistentemente baixos.

Vejo um cenário mais promissor para os FIDCs que agora terão acesso a clientes que antes estavam restritos a grandes Bancos e, também, ao fato das taxas de antecipação tenderem a subir, corrigindo assim “erros” de taxas de mercado excessivamente baixas para perfis de crédito mais arriscados. Daqui por diante, o mercado tende a colocar na conta o risco sistêmico que uma próxima onda de disseminação do vírus venha a acontecer e prejudicar empresas com perfis de negócios não tão resilientes.

Diógenes Rocha – Sócio Tercon Asset | Economista, habilitado pela Anbima e CVM como Gestor de investimentos, atua no mercado de FIDC há mais de 10 anos e hoje é sócio da Tercon Investimentos.

Tercon Asset é a maior gestora independente de FIDC do mercando, com 140 FIDCs sob gestão e patrimônio gerido de 7,8 Bilhões.

Publicado em 13/05/2020 08:00:00